sábado, 28 de agosto de 2010

Lord Byron

A poesia ultrarromântica ou mal -do – século é aquela em que as características românticas se encontram mais exacerbadas, notadamente o pessimismo, a morbidez, a melancolia, o tédio, o escapismo e o excesso de subjetividade. Ela pode também ser chamada de Byroniana graças à influência marcante que Lord Byron exerceu sobre essa geração. O Byronismo foi um fenômeno de moda literária que atingiu várias literaturas da Europa e das Américas na época do Romantismo. No Brasil, a fase byroniana de nosso Romantismo, concentrou-se mais em São Paulo, entre os jovens poetas que cursavam a Academia de Direito, sobre os quais reinava o talentoso Álvares de Azevedo, considerado o expoente máximo do byronismo brasileiro.


George Gordon Byron, com assento na Câmara de Londres, na Inglaterra, obteve uma impressionante reputação em toda a Europa na época que viveu (1788/1824). O poeta romântico com sua figura jovem e bela vivia envolvido em escândalos, seu título de nobreza, sua vida supostamente dissoluta, sua rebeldia, drogas, seus amores (entre esses um casamento infeliz e uma ligação incestuosa), a partida de seu país natal sem regresso, pois fora exilado na romântica Itália, e, finalmente, sua morte, na Grécia, porém toda essa vida conturbada é deixada de lado quando nos deparamos com seus maravilhosos poemas e por sua incontestável qualidade.


Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio  - Tradução de Castro Alves


Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie a terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus olhos.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora eu;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as frontes geram tal tristeza
Através da existência -curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.


As Trevas




Tive um sonho que em tudo não foi sonho!...

O sol brilhante se apagava: e os astros,
Do eterno espaço na penumbra escura,
Sem raios, e sem trilhos, vagueavam.
A terra fria balouçava cega
E tétrica no espaço ermo de lua.
A manhã ia, vinha... e regressava...
Mas não trazia o dia! Os homens pasmos
Esqueciam no horror dessas ruínas
Suas paixões: E as almas conglobadas
Gelavam-se num grito de egoísmo
Que demandava "luz". Junto às fogueiras
Abrigavam-se... e os tronos e os palácios,
Os palácios dos reis, o albergue e a choça
Ardiam por fanais. Tinham nas chamas
As cidades morrido. Em torno às brasas
Dos seus lares os homens se grupavam,
P'ra a vez extrema se fitarem juntos.
Feliz de quem vivia junto às lavas
Dos vulcões sob a tocha alcantilada!

Hórrida esp'rança acalentava o mundo!
As florestas ardiam!... de hora em hora
Caindo se apagavam; creditando,
Lascado o tronco desabava em cinzas.
E tudo... tudo as trevas envolviam.
As frontes ao clarão da luz doente
Tnham do inferno o aspecto... quando às vezes
As faíscas das chamas borrifavam-nas.
Uns, de bruços no chão, tapando os olhos
Choravam. Sobre as mãos cruzadas — outros —
Firmando a barba, desvairados riam.

Outros correndo à toa procuravam
O ardente pasto p'ra funéreas piras.
Inquietos, no esgar do desvario,
Os olhos levantavam p'ra o céu torvo,
Vasto sudário do universo — espectro —
E após em terra se atirando em raivas,
Rangendo os dentes, blásfemos, uivavam!

Lúgubre grito os pássaros selvagens
Soltavam, revoando espavoridos
Num voo tonto co'as inúteis asas!
As feras 'stavam mansas e medrosas!
As víboras rojando s'enroscavam
Pelos membros dos homens, sibilantes,
Mas sem veneno... a fome Ihes matavam!
E a guerra, que um momento s'extinguira,
De novo se fartava. Só com sangue
Comprava-se o alimento, e após à parte
Cada um se sentava taciturno,
P'ra fartar-se nas trevas infinitas!
Já não havia amor!... O mundo inteiro
Era um só pensamento, e o pensamento
Era a morte sem glória e sem detença!
O estertor da fome apascentava-se
Nas entranhas... Ossada ou carne pútrida
Ressupino, insepulto era o cadáver.


Mordiam-se entre si os moribundos:
Mesmo os cães se atiravam sobre os donos,
Todos exceto um só... que defendia
O cadáver do seu, contra os ataques
Dos pássaros, das feras e dos homens,
Até que a fome os extinguisse, ou fossem
Os dentes frouxos saciar algures!
Ele mesmo alimento não buscava...
Mas, gemendo num uivo longo e triste,
Morreu lambendo a mão, que inanimada
Já não podia lhe pagar o afeto.
Faminta a multidão morrera aos poucos.
Escaparam dous homens tão-somente
De uma grande cidade. E se odiavam...
Foi junto dos lições quase apagados
De um altar, sobre o qual se amontoaram
Sacros objetos p'ra um profano uso,
Que encontraram-se os dous... e, as cinzas mornas
Reunindo nas mãos frias de espectros,
De seus sopros exaustos ao bafejo
Uma chama irrisória produziram!...
Do clarão que tremia sobre as cinzas
Olharam-se e morreram dando um grito.
Mesmo da própria hediondez morreram,
Desconhecendo aquele em cuja fronte
Traçara a fome o nome de Duende!
O mundo fez-se um vácuo. A terra esplêndida,
Populosa tornou-se numa massa
Sem estações, sem árvores, sem erva.
Sem verdura, sem homens e sem vida,
Caos de morte, inanimada argila!
Calaram-se o Oceano, o rio, os lagos!
Nada turbava a solidão profunda!
Os navios no mar apodreciam
Sem marujos! os mastros desabando
Dormiam sobre o abismo, sem que ao menos
Uma vaga na queda alevantassem,
Tinham morrido as vagas! e jaziam
As marés no seu túmulo... antes dela
A lua que as guiava era já morta!
No estagnado céu murchara o vento;
Esvaíram-se as nuvens. E nas trevas
Era só trevas o universo inteiro.


Espero que gostem dos poemas, pois tudo não passa de um sonho... 

sábado, 21 de agosto de 2010

Augusto dos Anjos

 Augusto dos Anjos, poeta paraibano, marcou para sempre a literatura brasileira. Trata-se de um autor com uma fixação mórbida pela condição humana, especialmente no que ela tem de finita, de precível.Sua fixação pela morte não é o destino da alma, a pertuação na eternidade, mas a crueza física e medonha da morte. O decompor-se, o verme, os ossos secos, o riso último de quem se foi.
  Particularmente gosto muito da poesia de Augusto dos Anjos, talvez pela presença do novo, pela mistura de biologia, filosofia hindu e cientificismo misturado de repugnância pela condição humana e temperado pelo pessimismo de Schoppenhauer - filósofo alemão. Vale a pena ler com atenção o poema que segue para que vocês possam conhecer o poeta que ousou escrever o que para muitos era estranho, porém original e inteligente.

                                                    Versos Íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao fomidável!
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera-
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homemm, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Nessecidade de também ser fera      ( determinismo)

Toma um  fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

 Nesse poema o poeta encontra-se descrente em tudo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Novelas de Cavalaria

As novelas de cavalaria têm com tema as aventuras de cavaleiros medievais. O cavaleiro medieval é fiel, dedicado e disposto a qualquer sacrifício; tem de enfrentar perigos e provas que servem para reiterar-lhe o valor e o merecimento pessoal, e torná-lo digno de obter êxito em seu empreendimento.
Essas novelas produziram personagens famozas, encantaram o mundo literário, tem sido estrutura reiterada em vários tipos de narrativas; até mesmo no cinema e nos seriados de televisão.

Texto:Daniela Amorim
Slides:Ingrid Rodrigues
Imagens:Ana Carolina Marchi
Apresentação:Giovanne Tavares

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Safo de Lesbos

 Safo de Lesbos foi uma poeta nascida por volta de 612 a.C. na cidade de Ereso, capital da ilha de Lesbos, situada na Grécia. No mundo grego, poucas mulheres tinham acesso às artes. Safo é, portanto, uma excessão à regra.
   

Plêiades ( As 7 irmãs)

Deitaram-se lua
e Plêiades, A noite
em meio, em fuga o tempo
- e eu dormindo só,
Deitaram-se lua
e Plêiades. Alta,
alta noite
Tão e tanto
o sono do tempo
acompanhado!
E eu me fico dormindo
só.

  Espero que gostem desse poema e percebam que as estrelas são  fonte de inspiração para os poetas há muito tempo, mas é uma pena que Plêiades estão acompanhadas e a nossa poeta tão só... 

Esquecimento

De mim te sei esquecida, e não mais
tu me amas: a um outro sim- e mais

  É uma pena que  no século XI da Era Cristã: a Igreja queimou os nove volumes que concentravam sua obra, felizmente esses e mais alguns outros versos foram descobertos no final do século XIX em forma de pergaminhos. 
 

Escritor & Leitor

     É bem conhecido o desejo do leitor de aproximar -se daquele ser inalcançável, ou assim vivido em sua fantasia, responsável pelo seu prazer ou sua inquietação, aquele ser cuja presença na obra é, ao mesmo tempo, total ou nula, aquele ser imaginário, ficção do leitor- o escritor. Quem não fataziou um dia a intimidade com ele, para além da convivência com os personagens que alimentam nossa devoção à literatura?